3 de março de 2010

1 de dezembro de 2009

PATRIMÓNIO GASTRONÓMICO NOS CARRIS



21 de Novembro de 2009. Estação ferroviária da Régua.Com mais de um século de existência e, até há pouco tempo em estado de abandono, um dos armazéns da estação de caminho-de-ferro da Régua foi transformado num belíssimo restaurante, onde a gastronomia tradicional da região nos é apresentada numa relação cúmplice com as novas tendências, num ambiente diferente e requintado. O "Castas e Pratos" é um belíssimo exemplo do que se pode fazer com a reconversão do património industrial (fotos Joel Cleto).

30 de novembro de 2009

BARROCO E MODERNIDADE CONTEMPORÂNEA




21 de Novembro de 2009. Solar de Mateus (Vila Real). Atribuído ao génio artístico de Nicolau Nasoni, o Solar de Mateus é, sem dúvida, uma das obras-primas da arquitectura civil barroca do Norte de Portugal. Um projecto, da primeira metade do século XVIII, em que o imóvel é "apenas" mais uma peça do grandioso esquema cénico e paisagístico projectado pelo arquitecto e no qual se distinguem igualmente os jardins.
Mandado construir pelo morgado de Mateus, D. António José Alvares Mourão, o solar (gerido desde 1970 pela Fundação Casa de Mateus)continua a pertencer à mesma família que, de resto, faz questão de habitar numa das alas do palácio (a área restante está transformada num interessantíssimo museu). Um belo exemplo de como mesmo o património privado pode ser colocado à disposição pública, servindo de sustentabilidade económica à sua preservação e ainda para outros fins culturais.
Já emblemático deste conjunto patrimonial é o "toque" contemporâneo da escultura feminina de Cutileiro no lago fronteiro à Casa (fotos Joel Cleto)

12 de outubro de 2009

CARTAZ DE DIVULGAÇÃO


10 de Outubro de 2009. Cartaz, a colocar no interior dos autocarros da STCP - Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, de divulgação do programa "Viagens na Minha Terra" com estreia a 15 de Outubro.

6 de outubro de 2009

A MAIOR FÁBRICA DE CONSERVAS DO MUNDO... ROMANO




5 de Outubro de 2009. Península de Tróia, Reserva Natural do Estuário do Sado. Estendem-se por quilómetros e apresentam estruturas muito bem preservadas. As ruínas romanas de Tróia correspondem ao maior complexo industrial de produção de conservas de peixe de todo o Império Romano do Ocidente. Um mundo intenso de trabalho industrial, de pesca e comércio marítimo enxamearam este território - hoje esquecido e de uma pacatez paradisíaca - durante os primeiros séculos da nossa Era. E não era para menos. O garum (um tipo de conserva de peixe muito popular há dois mil anos) da Lusitânia era o mais famoso e cobiçado de todo o Império. Depois foi o abandono. As areias foram tomando conta das estruturas. As dunas avançaram sobre a antiga povoação romana. E assim ficou até ao século XVI - altura em que foi redescoberta. Classificada como monumento nacional em 1910, só algumas décadas depois é que os trabalhos arqueológicos sistemáticos se iniciaram, colocando à luz do dia, até hoje, uma ínfima parte do vasto complexo industrial que continua oculto sob as areias ou que vai desaparecendo ao sabor das águas do estuário. (fotos Joel Cleto)

CINDERELA NA CALDEIRA

4 de Outubro de 2009. Caldeira, Península de Tróia, Reserva Natural do Estuário do Sado. Numa das extremidades da longa língua de areia e dunas que formam a península de Tróia (concelho de Grândola) desenvolve-se uma vasta zona estuarina de características naturais e ambientais única: a Caldeira. Localizada a um par de quilómetros da área turística e hoteleira de Tróia e das suas emblemáticas torres, a Caldeira passa no entanto despercebida à esmagadora maioria dos turistas que para aqui se dirigem. Tal "invisibilidade" resulta, em grande parte, da inexistência de acessos, mas também do facto das dunas e da vegetação ocultarem esta área lagunar. Tal explica, igualmente, o facto de aqui subsistir uma pequena comunidade tradicional de pescadores e marisqueiros cujas habitações, muito perecíveis na maioria dos casos, se localizam nas bordas da Caldeira.
Mas este é também um local que nos faz reflectir sobre o estado actual das pescas em Portugal. Aqui, nas margens do estuário, os barcos de pesca vão apodrecendo. Mas mais do que vestígios de arqueologia naval ou industrial, estas carcaças são, no seu silêncio ensurdecedor, uma denúncia da forma trágica e descuidada como este sector (não) foi salvaguardado na sequência da adesão de Portugal ao Mercado Único europeu (fotos Joel Cleto).





28 de agosto de 2009

MUDANÇA DE AGULHA

15 de Agosto de 2009. Barcelos, Galegos, Tibães, S. Frutuoso de Montélios, Braga. Prosseguimos neste dia – eu e o Sérgio Jacques – o projecto que vimos desenvolvendo de uma “peregrinação” a Santiago de Compostela em bicicleta. Este projecto (que pode ser acompanhado em http://obradouro.blogspot.com) consiste no percorrer, em sucessivas etapas, de velhos caminhos de peregrinação, com anotações históricas e patrimoniais (minhas) e fotográficas (do Sérgio). O objectivo é atingir Compostela até 25 de Julho (dia de Santiago) de 2010 (Ano Santo Compostelano). O dia de hoje foi particularmente importante pois marcou uma importante alteração no trajecto. Com efeito, se até Barcelos seguimos aquele que é nos nossos dias o mais concorrido “caminho português” (Porto, Leça do Balio, Rates, Barcelos, Ponte de Lima, Valença, Pontevedra, Padron, Compostela), a partir de agora – e com esta mudança de linha para Braga (importante destino dos peregrinos medievais) – passaremos a seguir um caminho bem mais difícil, mas também bastante interessante, através da Geira - a antiga estrada romana que, de Bracara Augusta (Braga), e depois de vencida a serra do Gerês na Portela do Homem, seguia para Astorga. Esta estrada entronca, antes de Ourense, com outro dos importantes caminhos para Santiago: a Via da Prata, vinda do sul da Península. Será através dela que atingiremos Compostela.
Nas fotos observa-se o Sérgio a fotografar, em Barcelos, o cruzeiro que narra o milagre efectuado por Santiago a um peregrino, com a ajuda do galo de Barcelos; o mesmo galo que o Sérgio fotografa na feira da povoação; um sarcófago medieval no Museu Arqueológico de Barcelos; a minha bicicleta no mosteiro de Tibães; e um pormenor da igreja pré-românica de S. Frutuoso de Montélios às portas de Braga (fotos Joel Cleto).

27 de agosto de 2009

NENHUM HOMEM É ESTRANGEIRO

13 de Agosto de 2009. Biarritz (França). Contemplando ainda as areias e o mar de Biarritz e recordando os sanguíneos entardeceres dos céus de Espanha das últimas semanas, é novamente Joseph North (que tanto marcou a minha adolescência) e as suas memórias da Guerra Civil espanhola que me assistem. Não resisto a transcrever parte do texto que Hemingway, que acompanhou também as Brigadas Internacionais, escreveu em 1939, a pedido de North, para o jornal de esquerda norte-americano New Masses: “(…) Esta noite os mortos dormem frios, em Espanha, e frios dormirão durante todo este Inverno, e a terra com eles. Mas na Primavera virá a chuva e tornará a terra de novo generosa. O vento soprará, suave, sobre os montes, vindo do Sul. As árvores pretas renascerão, vestidas de folhinhas verdes, e haverá flores nas macieiras, ao longo do rio Jarama. Nesta Primavera, os mortos sentirão a terra recomeçar a viver.
“Porque os nossos mortos são agora uma parte da terra de Espanha, e a terra de Espanha nunca poderá morrer. Parecerá que morre em cada Inverno, mas em cada Primavera renascerá. Os nossos mortos viverão com ela eternamente. Assim como a terra nunca poderá morrer, assim também aqueles que alguma vez foram livres não regressarão à escravatura. (…) Os fascistas podem alastrar pelo país, abrindo caminho à força com o peso do metal trazido de outros países. Podem avançar ajudados por traidores e cobardes. Podem destruir cidades e aldeias e tentar manter o povo na escravidão. Mas não é possível manter nenhum povo na escravidão. O povo espanhol voltará a erguer-se, como sempre se ergueu, contra a tirania.” (fotos Joel Cleto)

23 de agosto de 2009

DA JANELA DO MEU QUARTO

12 de Agosto de 2009. Biarritz (França). Da janela do meu quarto, num hotel de Biarritz, contemplo um formigueiro humano que enxameia as praias envolventes. Que contraste com a solidão, o sossego e os amplos espaços dos Pirinéus que me acompanharam nos últimos dias! As águas do mar deste aquecido golfo são convidativas, mas Biarritz e toda esta região recordam-me sempre, antes de tudo o mais, as memórias do jornalista comunista norte-americano Joseph North (1904-1976) - "Nenhum Homem é Estrangeiro" - que tão de perto viveu e acompanhou a Guerra Civil Espanhola (1936-39), nomeadamente a acção do batalhão (de voluntários americanos) Lincoln das Brigadas Internacionais. Biarritz e as povoações a poucos quiómetros da fronteira espanhola funcionaram, nesse tempo, como local de refúgio, de encontros clandestinos, de esperança, e desilusão... (foto Joel Cleto)

22 de agosto de 2009

VITRAIS E CHOCOLATES


11 de Agosto de 2009. Bayonne (França). Uma das características patrimoniais mais interessantes da catedral gótica de Bayonne é a abundância e qualidade dos seus vitrais.
A cidade é conhecida, igualmente, pela sua produção de chocolate, ostentando mesmo o título de capital francesa do chocolate. Curiosamente a tradição desta produção remonta ao século XVI e a sua introdução é atribuída aos judeus portugueses, fugidos do nosso país na sequência da perseguição que lhes foi movida pela Inquisição (fotos Joel Cleto).

21 de agosto de 2009

UMA CATEDRAL INGLESA EM FRANÇA


11 de Agosto de 2009. Bayonne (França). Em 1451 o exército francês tomava, depois de um prolongado cerco, a cidade de Bayonne, já muito próxima da fronteira com a actual Espanha. Para trás ficavam três séculos de ocupação inglesa (desde 1145) e, obviamente, uma influência saxónica intensa na cidade. Uma das mais evidentes, ainda hoje dominante na skyline da povoação, foi a catedral de Sainte-Marie, belíssimo exemplar do gótico inglês, edificada no século XIII.
Aspecto curioso, nos nossos dias, é o facto do claustro da catedral estar transformado num espaço (vivo e concorrido) cultural e comercial, incluindo nomeadamente uma feira (exactamente... uma feira!) de artesanato. Novos usos (despreconceituados) e vivências de um património que é de todos. (fotos Joel Cleto)

20 de agosto de 2009

ENTRE GIRASSÓIS E SALADAS DE FRAMBOESA

10 de Agosto de 2009. Latrape e Carbonne (Haut Garonne, França). Os Pirinéus ficaram para trás e desci para a Haut Garonne - região francesa que, nesta altura do ano, está pejada de extensos campos de girassóis. A perder de vista. Na pequena e simpática povoação de Carbonne, mesmo em frente a uma antiga capela dedicada a St. Jacques (Santiago) encontra-se o restaurante Le Saint-Laurent, onde me deliciei com uma fantástica salada. Aqui se regista a receita: alface cortado em tiras finas, tomate em finas tiras sem pevide, morangos, framboesas, cubos de queijo de cabra (chévre), nozes caramelizadas com mel, óleo de noz, e vinagre e massa de vinagre balsâmico aromatizado a framboesa. (fotos Joel Cleto)

ANDORRA. NOVAS CATEDRAIS

9 de Agosto de 2009. Les Escaldes (Andorra). Na sequência das compras, do esqui e dos desportos de Inverno, o Turismo é a principal actividade económica deste microestado. E é também por isso que é a ele que são dedicados os principais edifícios da actualidade. Em Les Caldes um grandioso complexo termal (a Caldea), projecto arrojado de um arquitecto francês, eleva-se aos céus imitando as antigas catedrais medievais. E é no Céu que nos sentimos depois de algumas horas passadas no interior deste spa, usufruindo das suas fantásticas (e quentes, muito quentes) águas termais, em cenários paradisíacos e surpreendentes. (foto joel Cleto)

19 de agosto de 2009

ANDORRA PARA LÁ DAS COMPRAS


8 de Agosto de 2009. Andorra la Vella, La Cortinada e Caselles (Andorra). Paraíso livre de impostos, há muito que Andorra (o minúsculo estado encravado nos Pirinéus, entre Espanha e França) se converteu num local conhecido pelas (boas) compras que se realizam na sua capital (Andorra la Vella), em Lòria ou em El Pas de la Casa. Por isso ou, no Inverno, pelas suas estâncias de esqui. Mas Andorra é também (e sobretudo) um mundo de encantos rurais e naturais. Um território com uma identidade cultural muito vincada onde, desde logo, sobressai o facto da língua oficial ser o catalão. E com um conjunto muito interessante de monumentos românicos dos séculos XI e XII, nomeadamente igrejas caracterizadas por altas torres sineiras. O mais destacado templo da capital mantém essa tradição, mas os melhores exemplares são as igrejas de Sant Martí, em La Cortinada, e a de Sancte Joan de Caselles (fotos Joel Cleto).

18 de agosto de 2009

MEMORIAL À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA


7 de Agosto de 2009. Montségur (França). Durante dez meses, entre 1243 e 1244, mais de 10 mil cruzados cercam a povoação e o castelo de Montségur, no Languedoc (França), localizado num local praticamente inexpugnável, num promontório escarpado a 1207 m de altitude. Cerca de 600 pessoas resistirão como podem ao prolongado cerco. Quando, finalmente, após duros combates, a fortaleza foi tomada, grande parte das pessoas que aí se haviam refugiado preferiu lançar-se ao fogo a entregar-se aos conquistadores e à (re)conversão forçada ao catolicismo. Com este triste episódio de intolerância religiosa terminava, igualmente, uma das mais importantes e duradouras (quase um século) heresias cristãs da Idade Média (os "Cátaros").
A subida (quase escalada) a este sítio histórico foi - confesso - dos acessos mais difíceis que alguma vez "enfrentei" para visitar um monumento de acesso público. Após quase uma hora de penosa ascensão, os visitantes (como os do grupo registado na foto acima) deixam-se literalmente cair no interior da fortaleza. (fotos Joel Cleto)

17 de agosto de 2009

DO LADO DE LÁ DOS PIRINÉUS



6 de Agosto de 2009. Parc National des Pyrénées (França). Ultrapassado o Pic du Midi d'Ossau (2884 m ) já nos encontramos em França e do lado de lá dos Pirinéus. Mas o assombro paisagístico, natural e geológico prossegue. E não é por acaso que, também deste lado, nos encontramos num Parque Nacional. Um parque que o insuspeito "Guia American Express" refere "ter algumas das mais fantásticas vistas da Europa". (fotos Joel Cleto)

UM OCEANO A RASGAR O CÉU




5 de Agosto de 2009. Valle de Tena (Pirinéus aragoneses, Espanha). O nosso Prémio Nobel, José Saramago, estava definitivamente “errado” quando escreveu “Jangada de Pedra”. A Península Ibérica não se soltou nem corre o risco de se separar do resto do continente europeu. Bem pelo contrário. Ao longo dos últimos milhões de anos tem vindo a ser, geologicamente, empurrada em direcção à Europa, dando tal fenómeno origem aos Pirinéus. No alto destas elevações, ainda com neve nesta altura do ano (foto 2), a mais de dois mil metros, encontram-se, de resto, fósseis de origem marinha, testemunhando o tempo em que estas montanhas foram já fundos oceânicos. As dobras (como as evidentes na primeira e última foto) e outros fenómenos geológicos observáveis nos Pirinéus fazem, aliás, as delícias de qualquer amante da geologia e da longa história do nosso planeta.

15 de agosto de 2009

PARQUE NACIONAL DE MONTE PERDIDO: EL VIAJE INTERIOR


4 de Agosto de 2009. Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido (Pirinéus, Espanha). No coração da cordilheira pirenaica encontra-se um dos 13 parques nacionais de Espanha. Este, contudo, não é “mais um”. Classificado pela UNESCO como Património da Humanidade “Ordesa y Monte Perdido” é um mundo natural fascinante de altas montanhas, desfiladeiros, gargantas, cursos de água cristalina e muita fauna, incluindo o ameaçado de extinção urso dos Pirinéus.
À entrada do Parque localiza-se a povoação de Torla, com um belíssimo e moderno centro de interpretação para o visitante e a partir do qual se iniciam as caminhadas. Aquelas montanhas (com vários picos superiores aos 3.200 metros) parecem chamar-nos! Até porque, como relembra uma inscrição existente no Parque: “se asciende a las cumbres caminando. Pero al mismo tiempo se realiza un viaje espiritual cuyo destino sólo está en nuestro interior.”